A conserva de azeitonas e a produção de azeite constituíam a base da chamada dieta mediterrânica a par do pão e do vinho.
Embora a informação arqueológica acerca do mundo rural disponível durante a permanência Muçulmana seja escassa verificou-se nos arqueo sítios investigados uma continuidade, até ao século XI, de ocupação de muitos assentamentos agrícolas desde o período Romano.
A reutilização dos sistemas hidráulicos existentes assim como a introdução e divulgação, durante o período Muçulmano, de novos meios de captação e condução e armazenamento de agua para rega desenvolveu novas técnicas agrícolas e um melhor aproveitamento dos solos potencialmente férteis quer de sequeiro (b àl) quer de regadio ( saqy).
Nesta época intensificou-se o cultivo da oliveira que apesar de ter nome Latino, o seu fruto (al-zaytûna) e o óleo dela extraído ( al-zayt) têm nomes de origem árabe.
Para o desenvolvimento da agricultura do Al- Andaluz em muito contribuíram os tratados agrícolas como o calendário de Cordoba de 961 assim como o livro da agricultura escrito no século XII pelo agrónomo de Sevilha Al - `Awwâm. Nesta ultima obra é referido a oliveira selvagem e a espécie cultivada a mais abundante e cujos frutos dariam azeite de melhor qualidade.
A variedade selvagem da oliveira é ainda hoje muito comum no sul de Portugal, sendo designada por zambujeiro que deriva da origem Muçulmana de " zenboudje ".
O azeite produzido no Al-Andaluz era considerado muito bom, e era exportado para o Magreb e para o Egipto. Eram produzidas três variedades de azeite com diferentes qualidades sendo o azeite virgem (zait al-ma`) de qualidade superior. O azeite de qualidade média e o mais corrente ( zait al-badd) e o azeite de inferior qualidade ( zait al- matbuj).
O azeite estaria presente quer em contextos urbanos como rurais, desde os mais humildes ate aos mais requintados espaços, incluindo palácios, mesquitas e os complexos de banhos ( hamman ) dada a sua utilização na iluminação. Alem da iluminação o azeite era utilizado na culinária, dado ser raro o prato que não tivesse azeite na sua confecção, outra utilidade do azeite era nas conservas de hortaliças e verduras.
Na medicina o azeite era utilizado no tratamento de eczemas, cólicas e ajudava a vomitar no caso de ter ingerido algum tipo de veneno. A goma da azeitona era utilizada para sarar feridas e era empregue também na construção em taipa, permitindo uma melhor ligação entre os elementos construtivos.
Fonte : " O grande livro da oliveira e do azeite - Portugal oleica"
de Jorge Bohm
" Oleicultura no mundo Muçulmano " - Rosa varela Gomes
Fotos : Google
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