quarta-feira, 23 de julho de 2014

A cerâmica Africana no Gharb Al-Andalus - Período Almoravida e Almoada





A cerâmica Africana no Gharb Al-Andalus - Período Almoravida e Almoada

Sec - XII / XIII

 Durante o período de domínio das dinastias africanas de almorávidas e almóadas
surgem novos elementos que irão dar origem a mudanças na cerâmica do Gharb Al-Andalus, Novas técnicas, morfologias e iconográfias sensivelmente diferentes daquelas que eram conhecidas em contexto Omiada.
Em relação ás técnicas de fabrico assiste se a uma melhor adaptação dos objectos á função que eram destinados. Verifica se um aumento  de pastas brancas, calcárias nos recipientes destinados a transportar ou armazenar agua e por norma eram louças de ir á mesa. Este tipo de cerâmica era á base de pastas, porosas e muito resistentes que seriam mais eficazes na conservação e transporte de agua .
Neste período eram usadas também técnicas de fabrico mais tosco para cerâmicas que iam ao fogo.
No que diz respeito às formas assiste se ao aumento da especialização funcional das cerâmicas, esta tendência vai crescendo progressivamente desde a época Emiral e acentua-se já na ultima fase com as dinastia Africanas Almoravida e Almoada . Algumas destas formas adquirem elementos morfológicos tais como bicos, filtros e apêndices que eram destinados a usos específicos, embora continuassem a existir cerâmicas que conviviam com outras mais especializados.




No que diz respeito á decoração assiste se a uma mudança generalizada na utilização cromática, a policromia utilizada nos períodos Califal e Taifas é então menos utilizada em época Almoada, tornando se mais frequente a utilização de duas cores e a monocromia.
esta mudança dá origem a um aumento da utilização de técnicas ornamentais com recurso ao relevo, estampilhado, a incisão e o molde.
Assiste se também nesta altura a um renascimento da decoração moldada em que as peças são levantas em roda de oleiro, que depois de passarem por moldes eram revestidas de engobe vermelho ou de vidrado com motivos decorativos em reflexo metálico.
No que diz respeito à distribuição geográfica das produções existem ainda muitas duvidas relacionadas com o reduzido número de oficinas conhecidas, até á data a única oficina de produção de época almóada conhecida situa se em Mértola.

A cerâmica Africana no Gharb Al-Andaluz
Susana Martinez

Fotos - José Alberto Ribeiro

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A cerâmica Califal no Gharb Al-Andalus - Período Califal

Durante os primeiros séculos de domínio muçulmano o Al-Ândalus recebe uma grande diversidade de influências vindas dos mais diversos lugares Islamizados até então. Esta diversidade da lugar  ainda que lentamente, a uma produção de cerâmica com características próprias, sensivelmente diferente da Romana.
Em meados do século X, essa produção apresentava já características plenamente definidas e uma
grande variedade técnica e ornamental.
A estabilidade politica e a livre circulação de pessoas, mercadorias e técnicas durante a época do califado de Cordoba  contribuiu largamente para a difusão de técnicas que ate então não eram usadas tais como o vidrado na cerâmica. É na segunda metade do século X que se dá inicio á difusão de técnicas de fabrico e produções associadas a uma iconografia claramente Omiada .
Se por um lado nesta fase a cerâmica de fabrico manual não tenha sido abandonada totalmente, por outro lado as cerâmicas de fabrico a torno e as cozeduras oxidantes dominam ja uma actividade ja bastante desenvolvida.
No Gharb al-Ândalus a “imagem de marca" era a decoração com pintura branca. Era aplicada a
quase todos os tipos de peças, normalmente sobre pastas vermelhas mas também sobre pastas claras ou engobadas a vermelho ou castanho, por vezes quase preto.
As cerâmicas de linhas finas dominavam os temas ornamentais, tratavam se de motivos simples dentados ou reticulados assim como fitomorficos, normalmente em conjuntos de três traços afim de formar composições radiais ou em faixas sucessivas.
A técnica do vidrada na cerâmica não se pode atribuir ao mundo Islâmico uma vez que ja era conhecida no período Romano, embora fosse pouco utilizada devido ao seu preço ser bastante alto, no entanto pode se atribuir ao mundo Islâmico a descoberta de técnicas novas e mais baratas que permitiram a sua vulgarização.
É no século X que se assiste a uma grande difusão do vidrado no Al-Ândalus e se desenvolvem técnicas e decoração em combinações bicromáticas e policromáticas. As combinações bicromáticas mais frequentes apresentam motivos geométricos ou epigráficos em preto ou castanho de óxido de
manganés sob um revestimento cor de mel ou sobre branco.
No que diz respeito à técnica de vidrado policromatico, o denominado “verde e manganés”, as primeiras produções deste tipo na Península Ibérica devem ser associadas ao Califado Omíada.
Os motivos associados a esta técnica são muito variados e contêm uma forte carga simbólica, os mais espectaculares são os antropomórficos e zoomorficos mas os mais abundantes são os fitomorficos com diversas representações de palmetas, flores de loto e “pinhas”. São também abundantes as representações de entrelaçados que que simbolizava o “Cordão da Eternidade” e a epigrafia dominada pelos enunciados baraka (bênção) e al-mulk (o poder).

A cerâmica Califal no Gharb Al-Andalus 
Susana Martinez 

Foto - José Alberto Ribeiro  

quinta-feira, 3 de julho de 2014

A cerâmica Emiral no Gharb Al-Andalus - Período Emiral



O conhecimento da cerâmica Islâmica dos primeiros séculos é bastante reduzido devido á ausência de informação estratigráfica, no entanto pode se afirmar que a
ruralização progressiva a que se assistiu na Alta Idade Media pode ter conduzido ao colapso das produções romanas, dando então lugar a cerâmicas de produção menos especializadas.
Grande parte dos objectos de cerâmica eram produzidos em oficinas locais com meios bastante rudimentares, dominava então a cerâmica comum de reduzida
diversidade tipológica e decorativa.
Em relação á época Emiral nos últimos anos foram documentadas cerâmicas de fabrico manual que convivem com olaria ao torno de fabrico bastante rudimentar com barros mal decantados em que a cozedura realizava-se frequentemente em ambiente redutor e alternando a oxidação e redução.
Desta época foram registados alguns exemplos de jarros, jarrinhas, tigelas e caçoilas em sítios arqueológicos como o Castelo de Palmela assim como no castelo de Alferce.
A este período correspondem também os candis de bico cumprido nos quais o bico ainda é pouco proeminente e o gargalo que serve de funil encontra-se ainda pouco desenvolvido.
No que diz respeito às técnicas ornamentais, a mais frequente é a pintura branca ou vermelha traçada com linhas finas.
O vidrado na cerâmica constitui, nesta época uma técnica luxuosa e por isso eram raros os exemplares, ainda assim foram documentados jarrinhos com decoração incisa sob o revestimento vítreo de tons melados, esverdeados ou acastanhados  que devem ser considerados materiais importados do sudoeste Peninsular, região onde começaram a ser produzidos a partir do século XI (...)

A cerâmica Emiral no Gharb Al-Andalus
Susana Martinez