quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Castelo de Paderne vai abrir-se à sociedade


Câmara de Albufeira assina protocolo com direção regional de Cultura para assumir gestão do imóvel

Abrir o castelo de Paderne à fruição pública e à sociedade algarvia é o principal objetivo do protocolo assinado segunda feira entre a câmara municipal de Albufeira e a direção regional de Cultura do Algarve, na presença do secretário de Estado da Cultura. Após muitos anos de negociações, as partes chegaram a um desfecho positivo para desenvolver uma parceria que permita dar mais vida àquele património histórico de caraterísticas únicas no país, erguido em taipa pelos almóadas entre o século XI e o século XII. O acordo assinado, no salão nobre dos paços do concelho, entre a autarquia albufeirense e a direcção regional de Cultura implica a cedência de utilização do imóvel, hoje propriedade do estado, à câmara, para gestão e abertura do castelo à fruição pública. As duas entidades pretendem que a sociedade “o possa utilizar como instrumento de educação, de deleite, de identificação coletiva e de desenvolvimento socio-económico e cultural”. A criação de uma estrutura de acolhimento e apoio, no exterior da área do castelo (um módulo ou contentor, dada a impossibilidade de ali ser construída uma obra, por este se situar em zona de Rene Natura), também é outra das ações previstas no acordo. Este espaço servirá para a receção dos visitantes e para “a divulgação e valorização do monumento e da paisagem cultural envolvente”. O acordo – que prevê ainda a criação de um grupo de acompanhamento – tem a duração de cinco anos, sendo renovado automaticamente pelo mesmo período caso nenhuma das partes não o denuncie. O castelo de Paderne, uma fortificação do período hispano-muçulmano construída com um processo singular, em taipa, depois desativado e abandonado durante séculos, foi classificado, em 1971, como imóvel de interesse público e adquirido, em 1997, pelo estado, que ali procedeu a obras de requalificação, um investimento de 1,5 milhões de euros. “Este protocolo, trabalhado há muito tempo e com caraterísticas muito especiais, permitirá que o monumento de referência no concelho possa ter a utilização que se deve dar àquilo que é recuperado. O pior que se pode fazer é fechar e as pessoas não terem acesso ao património público”, disse Desidério Silva. O presidente da câmara de Albufeira destacou que Paderne tem uma componente importante no contexto cultural do município, sublinhando que o património é uma área “cada vez mais importante e fundamental” na procura de um destino turístico. A diretora regional de Cultura, Dália Paulo, mostrou-se satisfeita por este “processo moroso ter chegado a bom porto”. “Estamos dispostos a devolver o património às pessoas e este caminho será seguido com outros monumentos algarvios, criando sinergias com as respetivas autarquias”, revelou. O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, presidiu à cerimónia realizada segunda feira, onde recordou o papel que também teve neste processo, quando presidia ao então IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, atualmente IGESPAR. “Este protocolo celebrado entre os poderes central e local é um exemplo do caminho de paciência e de ultrapassagem de obstáculos desde que se iniciou, comigo no IPPAR, há cinco anos”, disse. O governante espera que o castelo de Paderne, pelas suas especificidades, seja “relevado e valorizado”. “Há um caminho muito importante para o futuro deste país: o da valorização do território e do património”, rematou.



Jornalista: Edgar Pires epires@diarionline.pt

Agradeço a foto à Prof. Dra. Leonor Rocha , Universidade de Évora

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Castelo de Paderne - Aquando do restauro das muralhas

Alçado lateral da Capela e a muralha a Norte


«Este castelo é uma jóia». Com esta afirmação, o arquitecto espanhol Manuel Lopez Vicente demonstrava todo o apreço pelo pequeno Castelo de Paderne, cujas obras de conservação e restauro decorreram entre de 2004/05 com a sua assessoria técnica.
Nas obras de restauro e conservação das suas muralhas em taipa militar, recorreram à utilização do material mais abundante na zona, a terra, respeitando assim a técnica original.
Nas obras não foram utilizadas as terras retiradas pelas escavações arqueológicas, o arquitecto explicou que «a terra das escavações continha muitos restos orgânicos, o que lhe alterava a cor e outras características». Por isso, a solução foi misturar «terra do castelo com terra dos arredores».
No restauro foram efectuados ensaios para determinar a composição da taipa militar e concluiram que a composição era a mesma existente noutros castelos da mesma área de influência.

Banco de ensaios

Armação de taipais

As obras começaram pelo lado Sul do castelo, «porque era o que estava mais estragado», com as muralhas literalmente a desfazer-se e a pôr em risco o resto da estrutura referiu o arquitecto Manuel Lopez Vicente.

Inicio dos trabalhos nas fundações do topo Sul

Compactação da taipa

Aspecto geral do lado Sul com andaimes e taipa

Segundo Natércia Magalhães, técnica superior do IGESPAR (antigo IPPAR)de Faro, a ideia foi que «fique o mais parecido possível com a muralha original, embora permitindo reconhecer a intervenção, distinguindo-a do que era a taipa original». A imagem arquitectónica que se pretendia era que subsistisse, em parte, a actual «ruína conservada», impregnada de «cicatrizes» por uma existência histórica com a duração de oito séculos.


Projeção de material aderente no lado Este




Aspecto interior da muralha depois de reparada




Aspecto exterior da muralha depois de reparada


As obras foram realizadas pela firma Stap, que se dedica exclusivamente à reabilitação de construções com uma forte componente de saber e inovação, que procura responder eficazmente às necessidades do mercado na área dos trabalhos especializados de natureza construtiva e estrutural.

www.stap.pt/


Fotos: Maria Fernandes,Arq.
6º Curso de Mestrado em Reabilitação de Arquitectura e Nucleos Urbanos

Texto: http://www.barlavento.pt/index.php/noticia?id=200
Jornalista Elisabete Rodigues