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Situado no interior do arco da vila, constitui uma das principais entradas em cotovelo na cidade de Faro e remonta ao século XI
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O arco de ferradura é uma das muitas formas que
este elemento construtivo pode apresentar. Tem
uma característica específica: o arco continua depois
das suas nascenças, descansando nas impostas, para
além da linha que contem o centro da circunferência. Dos Visigodos passou à arte Hispano-Muçulmana e, dali passou à arte moçarabe e à arte mudejar. Os historiadores dividem se quanto á sua génese:
- Gomez-Moreno, considera o arco de ferradura de
origem peninsular e anterior a invasão árabe.
- Auguste Choisy considera que o arco aparece pela
necessidade construtiva de se fazer um recuo nas
nascenças, para colocação da cofragem.
- Henry Martin conclui que a arte árabe importou
da Pérsia as cúpulas, os arcos de ferradura e os arcos
polilobados.
- Creswell considera que este arco foi ditado por
primitivas estruturas de madeira em que uma cobertura
de bambu foi curvada. Esta estrutura terá sido
copiada nos templos cortados nas rochas, da Índia.
No período das invasões barbaras, a Península Ibérica albergou os visigodos e admitiu o seu
domínio mas sujeitou-os à sua cultura, porquanto a estrutura nómada deste povo, não permitia que a tivessem. Foram um povo que se arrastou ao longo da Europa em convulsões sucessivas de
guerras sangrentas, trazia consigo a tenda que o tapa
da chuva e elementos de virilidade guerreira nos alforges
do seu cavalo, feitos de metal, de pedras preciosas e de couro com uma mistura de simbologias que traduzem o seu contacto com outros povos, com
outras religiões. no longo caminho de gerações, até
chegar à Península.
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Estela do período Visigótico com arco em ferradura encontrada em Mértola |
Na segunda metade do séc.VI as tropas
de Justiniano trouxeram para a península o prestígio da grandiosa arte bizantina e fizeram com que a poderosa
civilização dos visigodos convertidos, atingisse
o seu apogeu, na segunda metade do séc.VII.
Os visigodos contribuem com a sua
arte decorativa, fruto do seu nomadismo. O arco de
ferradura torna-se então uma constante desta arquitectura,
como elemento construtivo já existente na Península.
Arco Emiral; Um legado Visigodo
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Arco Emiral - Mesquita Catedral de Córdoba |
Quando Abd al Rahman I desembarca em Almuñecar (século VIII) e fundou o Emirado de Córdoba (756-929) os árabes já tinham começado a usar o arco em ferradura. O primeiro dos governantes Omíadas iria lançar um plano político que colocaria o Al Andalus no centro do próprio mundo islâmico, com a intenção lançou a primeira pedra da Mesquita de Córdoba em 785. O emir construiu a mesquita em tempo surpreendente. Foi construída em apenas um ano, tal era certa a urgência para ganhar prestígio e consolidar o seu poder e, para isso forçou a contratação de artesãos locais que operavam perfeitamente o arco em ferradura Visigótico. Para isso recorreram a ruínas Romanas e Visigóticas nas redondezas, dai se compreende a semelhança entre os arcos Emirais e os Visigóticos.
O arco Califal - O triunfo Hispano-Muçulmano
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Porta de San Esteban
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O arco Hispano-Muçulmano atinge o seu apogeu no séc IX . Embora tenha nascido no período Emiral a partir de um ponto de vista artístico pode-se falar sobre Arco Califado. A sua primeira manifestação aparece no arco superior da porta da fachada original da Mesquita de Córdova na porta de San Estêban.
O apogeu do arco em ferradura; Lobulos e cruzes.
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Mesquita de Cordova |
Com o nascimento do Califado de Córdoba (929-1031) a arte muçulmana atingiu o seu apogeu. No magnífico palácio de Medina Azahara (936) assim como na Mesquita de Córdoba surgem as manifestações mais requintadas de arte Andaluza, incluindo arcos lobulados (originalmente da Mesopotâmia) e cruzando arcos com a utilização de estuques.
Fontes : Creswell, K.kC. Compêndio de Arquitectura Paleo Islâmica.
Public. Universidad de Sevilla, vol. l.
Gomes-Moreno. M. Retazos. Ideas sobre Historia, Cultura y arte. Cons.Sup. Invest.Cicntíficas .1970.
Saldanha, F.; A.A. Silva. Arte Visigótica em Portugal.
Tese Doutoramento. Faculdade de Letras de Lisboa,
1962.
Fotos . José Alberto Ribeiro
Obrigado João Ribeiro pela foto do arco de Faro