Câmara de Albufeira assina protocolo com direção regional de Cultura para assumir gestão do imóvel
Abrir o castelo de Paderne à fruição pública e à sociedade algarvia é o principal objetivo do protocolo assinado segunda feira entre a câmara municipal de Albufeira e a direção regional de Cultura do Algarve, na presença do secretário de Estado da Cultura. Após muitos anos de negociações, as partes chegaram a um desfecho positivo para desenvolver uma parceria que permita dar mais vida àquele património histórico de caraterísticas únicas no país, erguido em taipa pelos almóadas entre o século XI e o século XII. O acordo assinado, no salão nobre dos paços do concelho, entre a autarquia albufeirense e a direcção regional de Cultura implica a cedência de utilização do imóvel, hoje propriedade do estado, à câmara, para gestão e abertura do castelo à fruição pública. As duas entidades pretendem que a sociedade “o possa utilizar como instrumento de educação, de deleite, de identificação coletiva e de desenvolvimento socio-económico e cultural”. A criação de uma estrutura de acolhimento e apoio, no exterior da área do castelo (um módulo ou contentor, dada a impossibilidade de ali ser construída uma obra, por este se situar em zona de Rene Natura), também é outra das ações previstas no acordo. Este espaço servirá para a receção dos visitantes e para “a divulgação e valorização do monumento e da paisagem cultural envolvente”. O acordo – que prevê ainda a criação de um grupo de acompanhamento – tem a duração de cinco anos, sendo renovado automaticamente pelo mesmo período caso nenhuma das partes não o denuncie. O castelo de Paderne, uma fortificação do período hispano-muçulmano construída com um processo singular, em taipa, depois desativado e abandonado durante séculos, foi classificado, em 1971, como imóvel de interesse público e adquirido, em 1997, pelo estado, que ali procedeu a obras de requalificação, um investimento de 1,5 milhões de euros. “Este protocolo, trabalhado há muito tempo e com caraterísticas muito especiais, permitirá que o monumento de referência no concelho possa ter a utilização que se deve dar àquilo que é recuperado. O pior que se pode fazer é fechar e as pessoas não terem acesso ao património público”, disse Desidério Silva. O presidente da câmara de Albufeira destacou que Paderne tem uma componente importante no contexto cultural do município, sublinhando que o património é uma área “cada vez mais importante e fundamental” na procura de um destino turístico. A diretora regional de Cultura, Dália Paulo, mostrou-se satisfeita por este “processo moroso ter chegado a bom porto”. “Estamos dispostos a devolver o património às pessoas e este caminho será seguido com outros monumentos algarvios, criando sinergias com as respetivas autarquias”, revelou. O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, presidiu à cerimónia realizada segunda feira, onde recordou o papel que também teve neste processo, quando presidia ao então IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, atualmente IGESPAR. “Este protocolo celebrado entre os poderes central e local é um exemplo do caminho de paciência e de ultrapassagem de obstáculos desde que se iniciou, comigo no IPPAR, há cinco anos”, disse. O governante espera que o castelo de Paderne, pelas suas especificidades, seja “relevado e valorizado”. “Há um caminho muito importante para o futuro deste país: o da valorização do território e do património”, rematou.
Jornalista: Edgar Pires epires@diarionline.pt
Agradeço a foto à Prof. Dra. Leonor Rocha , Universidade de Évora
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