quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Castelo de Paderne A Ermida de N.ª Sra. da Assunção



No espaço interior do castelo encontra-se a ruína de uma construção romântica de pedra rudemente aparelhada e ligada com uma argamassa muito friável e de rebocos sobrepostos.
A Ermida da N.ª Sra. da Assunção é constituida pela capela mor e uma unica nave. A onomastica alude á elevação do corpo e da alma de Maria, mãe de Jesus, á gloria celestial após a morte. Por volta de mil quinhentos e seis, ano em que a igreja foi deslocalizada do interior do castelo recentemente despovoado para a actual refundação na actual aldeia de Paderne, que a Ermida de N.ª Sra. da Assunção ocupou o espaço que fora primitivamente da igreja de Nossa Senhora do Castelo.
Apesar de ausência de evidencias arqueológicas que o comprovem, o facto do orago da primitiva igreja ter como orago Santa Maria e atendendo que as mesquitas eram quase sempre sacralizadas em nome da virgem, leva a crer que a inicial sede paroquial de Paderne ocupou na sua criação a area do templo Islamico. O primeiro registo escrito da igreja data de 1263 no reinado de Afonso III associado á organização dos estatutos da Sé de Silves.
Em 1305 Dom Dinis entrega a igreja á ordem de Avis e possivelmente o edificio sofreu obras de remodelação ou foi mesmo erguida uma nova igreja para marcar a presença da ordem.
Ainda hoje pode ser observado no topo norte da muralha de taipa no enquadramento da actual igreja um telhado de duas aguas, tendo sido observado na da ultima intervenção arqueológica os alicerces das paredes sobre os quais assentaria o telhado.




A fachada principal da ermida tem de largura 5,40m e é ornamentada com um óculo de massa e as paredes laterais têm de comprimento 11 metros apresentando contrafortes adossados posteriormente á estrutura inicial da nave, tendo 3 a norte e dois a sul.




A capela mor exibe ainda o arco triunfal e nas paredes laterais os arranques da cúpula que a cobriu bem como um troço em alvenaria do altar mor que teria 3,60m de comprimento por 3,80 de largura, a actual construção parece ter sido realizada em duas fases, a inicial que parece corresponder á capela mor de secção quadrangular encimada por uma cúpula á semelhança dos tradicionais morabitos do sul de Portugal, posteriormente terá sido acrescentada a nave em cujas paredes interiores registam se os vestígios de dois altares laterais entaipados facilmente identificados pelas aduelas dos arcos e por um aparelho construtivo diferente.
Possivelmente depois do grande terramoto de 1755 as obras de reconstrução adaptaram o altar lateral da parede sul em porta de entrada no novo anexo tendo a nova construção aproveitado um dos contrafortes da igreja como parte de uma das suas paredes

Texto - Dra. Natércia Magalhães
Fotos José Alberto Ribeiro